O Blog Cantos da Cidade elaborado e contextualizado por um grupo de alunos da UCSAL (Universidade Católica do Salvador) traz informações e postagens relacionadas a lazer e cultura na cidade soteropolitana de Salvador-Bahia, dando dicas e debatendo varias questões contidas em Cultura&Lazer, com textos científicos sobre o assunto partindo de pressupostos teóricos de vários autores sobre o tema. A palavra cultura abrange várias formas artísticas, mas define tudo aquilo que é produzido a partir da inteligência humana. Ela está presente desde os povos primitivos em seus costumes, sistemas, leis, religião, em suas artes, ciências, crenças, mitos, valores morais e em tudo aquilo que compromete o sentir, o pensar e o agir das pessoas. Sobre esses aspectos humanos e origens culturais presente em nossa sociedade que discutiremos de forma abrangente a cultura&Lazer dentro da nossa comunidade de informação que é o Canto da Cidade.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A importância de Glauber Rocha para o Cinema





Passados  mais de 30 anos sem Glauber Rocha, o que nos da a deixa para lembrarmos um pouco do baiano de Vitória da Conquista, que nasceu em 14 de março de 1939, filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e de Lúcia Mendes de Andrade Rocha.

Seguiu a religião da mãe, o protestantismo. Estudou no Colégio do Padre Palmeira, importante núcleo cultural. Em 1947, mudou-se com a família para Salvador, onde participou de programas de rádio, grupos de teatro e cinema amadores, e do movimento estudantil. Passou a filmar.  Chegou a se aventurar pelo Direito, mas logo desistiu e se enveredou no jornalismo. Nessa época, conheceu Helena Ignez, que se tornaria sua esposa.


Realizou alguns curtas e estreou como diretor de longas com “Barravento”, de 1962. A partir daí o cinema nacional ou melhor, o cinema, não seria mais o mesmo. Contestador, criativo, louco. Não são poucas as características atribuídas ao cineasta, que integrou o Cinema Novo e concebeu algumas obras primas da nossa sétima arte.


“Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964) lhe deu projeção internacional: concorreu à Palma de Ouro em Cannes, onde retornaria mais algumas vezes, sempre disputando o prêmio principal e eventualmente vencendo outras categorias. Por “Terra em Transe” (1967) saiu premiado pelo júri. Foi eleito o melhor diretor com “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969). E faturou melhor curta-metragem graças ao polêmico “Di Cavalcanti” (1977), que traz imagens do pintor morto, no caixão. Confira o curta na íntegra, abaixo:


Se a arte de Glauber inovou, provocou, transformou, também rendeu ao diretor o rótulo de subversivo pelos párias do regime militar. Não bastasse, sofreu patrulhas tanto da direita, como da esquerda. Partiu para o exílio em 1971 e nos últimos anos de vida enfrentou tragédias pessoais. Em 1977, sua irmã, a atriz Anecy Rocha, tinha 34 anos quando morreu ao cair em um fosso de elevador. Antes, outra irmã dele morreu, aos 11 anos, de leucemia.


Glauber nos deixou em 1981, vítima de septicemia, no Rio. O CineZen conversou com grandes conhecedores da obra do cineasta e profissionais do audiovisual nacional sobre a importância de Glauber. Mas antes de qualquer reverência, homenagem, vale dizer que talvez a melhor forma de lembrá-lo seja conferindo seus trabalhos. O artista parte. A obra é eterna. Abaixo, visões sobre Glauber Rocha:


“Glauber foi um cineasta brilhante, criativo, figura de proa do Cinema Novo. Mas como muito brasileiro, não conseguiu viver fora da terra natal e seus últimos anos são caóticos e trágicos. Uma tragédia brasileira. Adoro ‘Terra em Transe’, mas lamento os seus imitadores que até hoje continuam querendo ser como ele.” – Rubens Ewald Filho, crítico de cinema

“Foi um cineasta muito à frente de seu tempo. ‘Terra em Transe’ é um filme tão atual como em 1967, quando foi lançado. Glauber sofreu um desgaste muito grande, as gerações mais novas não têm ideia do que foi enfrentar aquilo (ditadura). Assistir hoje a um filme daquela época… fica difícil contextualizar, para quem não vivenciou os anos de chumbo. De alguns anos para cá, resolveram resgatar Glauber, estudar sua obra.” – Argemiro Antunes, artista plástico cuja grande parte do trabalho é inspirada no diretor e integra o Tempo Glauber

“Glauber, luz brasileira, chiaroescuro  árido, seco, cru, dedo em riste na cara de um Brazil que foi possível,  cinema-arma, ponto de mudança/poin of no return no audiovisual tupiniquim, carcará das telas, teus órfãos ainda padecem de um novo tu, uma nova geração ainda vai te re-descobrir/entender/deglutir/regurgitar! Caro Glauber, o cinema made in Brazil tá indo, já o país, ah o país… esse temos ainda  aquela esperança… de sair do transe. PS: Glauber, as crianças continuam vendo Super-Homem…” – Junior Brassaloti, Diretor de produção do Curta Santos, ator, artista circense e produtor cultural

“Ah, Glauber acima de tudo era um grande provocador, e ser incompreendido certamente era algo que fazia parte de seu universo e talvez algo que o estimulasse e que o seduzia ainda mais. Veja algumas de suas polêmicas declarações, que me ajudam muito a acreditar nesse perfil: ‘A arte não é só talento, mas principalmente coragem’; ‘A arte é tão dura quanto o amor’; ‘Todo artista deveria ser louco e ambicioso’. – Waldemar Lopes, artista plástico, cinéfilo, colaborador do CineZen

A seguir, filmografia selecionada de Glauber na direção e os principais prêmios e indicações de sua carreira:


- “Pátio” (curta, 1959)
- “A Cruz na Praça” (curta, 1959)
- “Barravento” (1962)
- “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964)
- “Terra em Transe” (1967)
- “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1969)
- “O Leão de Sete Cabeças” (1970)
- “História do Brasil” (documentário, 1973)
- “Di Cavalcanti” (documentário curta-metragem, 1977)
- “A Idade da Terra” (1980)

Principais prêmios e indicações:


- Prêmio do júri de melhor curta no Festival de Cannes, por “Di Cavalcanti”.

- Concorreu à Palma de Ouro em Cannes de melhor curta, por “Di Cavalcanti”.
- Melhor diretor em Cannes, por “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”.
- Concorreu à Palma de Ouro em Cannes, por “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”.
- Prêmio da crítica em Cannes, por “Terra em Transe”.
- Concorreu à Palma de Ouro em Cannes, por “Terra em Transe”.
- Concorreu à Palma de Ouro em Cannes, por “Deus e o Diabo na Terra do Sol”.
- Melhor filme no Festival Internacional de Locarno, por “Terra em Transe”.
- Prêmio Luiz Buñuel na Espanha, por “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”.

“Barravento”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, “Terra em Transe” e “A Idade da Terra” integram o acervo da Vídeo Paradiso.


http://cinezencultural.com.br


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