O processo de sincretismo religioso acontece com o contato entre diferenças crenças; para que isso ocorra, é necessária a movimentação de povos, geralmente causada por eventos de larga escala. É por isso que, indo a fundo à compreensão do cenário histórico, pode-se compreender como se deu o processo do contato religioso: qual era dominante, quem absorveu mais, quem mudou mais, etc. A religião é um dos fatores mais característicos de um povo; analisando-a cuidadosamente, é possível estudar o modo como os homens se relacionam e como é o contato deles com a natureza e com o desconhecido. É de se esperar que a formação dos elementos religiosos seja algo único e complexo, já que não há dois lugares com mesmas condições no mundo.
O Candomblé no Brasil
Uma série de fatores foi decisiva para a chegada de negros (e, por conseguinte, suas religiões) no Brasil; dentre eles:
1. O fato dos índios não se adaptarem bem ao trabalho escravo.
2. A proteção crescente dos jesuítas para os índios convertidos e as epidemias constantes alarmou a Coroa portuguesa, fazendo-a instituir leis específicas sobre escravização de índios. Por exemplo, índios catequizados seriam livres, só se poderiam capturar índios canibais e vencidos em uma guerra justa contra os portugueses.
3. A necessidade crescente de mão-de-obra para os engenhos recém-implantados de cana de açúcar. Em 1559, D. Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil a importar até 120 escravos. A partir daí, o número só cresceu, com o desenvolvimento do cultivo de cana de açúcar no país. Os escravos, tendo sido obtidos através de captura, troca ou como prisioneiros de guerra, chegavam a navio com condições deploráveis: muitos morriam das péssimas condições da viagem. Várias obras artísticas surgiram para retratar essas condições, desde poemas, como “O navio negreiro” escrito por Castro Alves, até pinturas como o famoso :
“Navio Negreiro” por Rugenda. (Fonte: WIKIPEDIA.)
Esse processo simplório de educação religiosa, aliado a outros fatores, favoreceu para que os negros utilizassem a religião como forma de resistência, não permitindo a destruição do substrato cultural africano. De fato, foi a partir desse momento que se iniciou o processo de sincretismo das religiões afro (entre si) e o catolicismo. Os negros aceitavam a convivência dos santos católicos com as divindades africanas, chegando mesmo a considerarem, em alguns casos, que estes faziam parte do mesmo universo religioso.
O conceito de religião e sua Função Social
“Religião (do latim religare, significando religação com o divino) é um conjunto de sistemas culturais e de crenças que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e seus próprios valores morais”.
De maneira mais simples, segundo o dicionário Aurélio (1993, p. 471), “religião é a crença na existência na força ou forças sobrenaturais; manifestação de tal crença pela doutrina e rituais próprios; devoção”. Mas, como todo componente social, definição de um conceito fora de seu contexto não faz sentido; é preciso analisar sua relação com a sociedade. A religião também assume papéis mais complexos, como garantia de segurança e estabilidade, para as grandes massas, e como instrumento de controle, quando utilizado pela minoria no poder.
Marilena Chauí em convite a filosofia enfatiza sobre crenças de variadas formas achando óbvio que os seres humanos seguem regras e normas de conduta, possuem valores morais, religiosos, políticos, artísticos, vivem na companhia de seus semelhantes e procuram distanciar-se dos diferentes, dos quais entram em conflito, isso significa que acreditamos que somos sereis sociais, morais e racionais, pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos por seres conscientes e dotados de raciocínio.
Como se pode notar nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação de coisas e ideias que nunca questionamos porque nos parecem naturais e óbvias.
Já Karl Marx, outro clássico da sociologia, considera a religião como um mecanismo de alienação, como o ópio do povo. O homem constrói e se apropria dessas crenças, pois precisa acreditar em algo que possa suprir suas necessidades que o mundo não consegue, funcionando assim como o ópio do povo. Como em toda a teoria marxista, parte-se do pressuposto que a classe dominante controle a ideologia dominante, sendo responsável também pelo controle da religião, utilizando-a para explorar as classes dominadas.
Para Max Weber, estudar a religião nos ajuda a compreender outras manifestações sociais como a ética, a economia e a política. Em sua obra "A ética protestante e o espírito do capitalismo‟, Weber procura demonstrar essa relação entre religião e comportamento social, mostrando como houve uma transformação do trabalho a partir da ética protestante.
Salvador em termos de religião é conhecida por ter 365 igrejas católicas, uma para cada dia do ano, além do sincretismo religioso, onde o catolicismo convive junto ao candomblé. O número de evangélicos vem crescendo a cada ano, já respondendo por 15% da população soteropolitana. Possui ainda um percentual significante de espíritas, e de pessoas não-religiosas. No Brasil, o Primaz é o Arcebispo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia.
A cultura desenvolvida em Salvador, primeira cidade do Brasil, e no Recôncavo da Bahia, exerceu influência decisiva em outras regiões do país, e na própria imagem que se tem do Brasil no exterior. Desde o século XVII observa-se no estado uma dualidade religiosa: de um lado, a religião católica (de origem europeia); do outro, o candomblé (de origem africana). Aspectos históricos e culturais de Salvador foram herdados pela miscigenação de grupos étnicos como os Nativo-Indiano, Africano, Europeu e Judaico. Esta mistura pode ser vista na religião, cozinha, manifestações culturais e personalidade do povo baiano.

Religião em Salvador
|
Religião
|
|
|
Porcentagem
|
|
|
|
|
58,74%
|
|
|
|
18,14%
|
|
|
|
15,13%
|
|
|
|
2,53%
|
De acordo com o censo brasileiro de 2010 a cidade de Salvador se manteve como a terceira cidade mais populosa do Brasil, após São Paulo e Rio de Janeiro.Salvador é o centro da cultura afro-brasileira. A maior parte da população é negra ou parda. Segundo dados divulgados pelo IBGE em 2010 para a região metropolitana de Salvador, 51,7% da população (1.382.543) é de cor parda (pessoas multirraciais), 27,8% negra (743.718), 18,9% branca (505.645), 1,3% povos asiáticos (35.785) e 0,3% povos ameríndios (7.563). Salvador é a cidade com o maior número de descendentes de africanos no mundo, seguida por Nova York, majoritariamente de origem iorubá, vindos da Nigéria, Togo, Benim e Gana.
Um estudo genético realizado na população de Salvador confirmou que a maior contribuição genética da cidade é a africana (49,2%), seguida pela europeia (36,3%) e indígena (14,5%). O estudo também concluiu que indivíduos que possuem sobrenome com conotação religiosa tendem a ter maior grau de ancestralidade africana (54,9%) e a pertencer a classes sociais menos favorecidas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)